PALESTRA – A RELAÇÃO ENTRE O NÃO INTENCIONAL E A ENERGIA HUMANA: ACIDENTES, DESLIZES E EQUILÍBRIO

Realizada dia 26 de outubro de 2022 – via ZOOM em ENCONTROS TRANSDISCIPLINARES DO CETRANS

Pré print

Seguindo os estudos do Dr. Brian Lynch, Antônio Damasio, Silvan Tomkins, mas também
todos aqueles que mergulharam seu ser no estudo do inconsciente: Freud, Jung, Adler,
Klein, Lacan, verificamos por experiência muitas vezes e, apesar de nós mesmos, que a
emoção vem em primeiro lugar. De uma maneira ideal nós pensamos e agimos, mas no caso de insight, mas também de acidentes: Sentimos, agimos por inspiração ou por impulso e, em seguida, pensamos.
Situo as atitudes não intencionais neste intervalo onde se sente, se age. E depois pensamos: atos de fala, insights, interrupções, erros, negações, bloqueios, deslizes da fala, etc.
Atitudes não intencionais são a fonte de muitos acidentes ligados ao fator humano, mas
também de derivações criativas como a descoberta da América, intuições ou flashes
existenciais (expressão de René Barbier), que nos permitem Iluminar o que foi velado e
reconfigurar nossa percepção da realidade.
Ora, se as emoções estão em primeiro lugar, poderemos identificar a natureza emocional
de nossos conflitos e compreender a importância do trabalho sobre a plasticidade da mente
(Marc Williams, Debono) para a implementação da resolução destes conflitos emocionais
em uma abordagem cognitiva e experimental (Stéphane Rusinek – “Soigner les Schémas de
pensée” – Dunod, 2006).
Parece haver de fato uma estreita correlação entre nossa capacidade plástica de fazer
sentido a partir do diálogo com nossas emoções e a mobilização de nossa energia humana.
Sim, podemos mudar nossos padrões mentais e desenvolver comportamentos humanos
proativos, resilientes e cooperativos, desde que possamos mobilizar nossa energia humana.
O estudo da consciência de atitudes não intencionais é, portanto, um vasto estudo, pois se
concentra na definição e nas relações entre energia e emoções humanas, por um lado, e
suas repercussões nos conflitos cognitivos e sua resolução plástica, por outro.
De fato, nossa história de vida também constituirá a escrita de um roteiro afetivo que
influenciará o estabelecimento de cenários de capacidade ou mesmo de excelência,
mobilizando energia humana ou cenários de incapacidade inibindo ou paralisando a energia
humana.
É importante entender como a energia humana é modulada a fim de agir sobre energias
inibidas e paralisadas, a fim de poder mobilizá-las, novamente, para transformar os padrões
de incapacidade e resolver conflitos emocionais de uma forma plástica. Assim, a energia
humana parece ter uma influência direta sobre nossos distúrbios emocionais e seu impacto
sobre a saúde e o desenvolvimento humano.

PDF em https://tinyurl.com/3zptacbt

VIDEO DA PALESTRA

PODCAST

https://t.ly/OTE8O

PDF da APRESENTAÇÃO (PPT) NO RESEARCHGATE

https://tinyurl.com/4r7enfzh

DIAGRAMAS

Diagrama em Português

Diagrama em Francês

Learning Society and Emotions | Sociedade Aprendiz e as Emoções | Les Emotions vers une Société Apprentie

 

 

PODCASTS

Learning Society and Emotions

Sociedade Aprendiz e as Emoções

Les Émotions: vers une Société Apprendit

 

Références | Referências | Références

RICOEUR, Paul.  Soi même comme un autre, Le Seuil, Paris, 1993.
LEVINAS, Emmanuel. Entre nous ou Essai sur le penser à l´autre, Grasset. Paris, 1991.
FREUD, Sigmund. O mal estar na civilização, São Paulo, Imago, 1988.
LACAN, Jacques. Ecrits, Le Seuil, Paris, 1988.
LEVINAS, Emmanuel. Ibidem.
DELEUZE, Gilles. O que é a filosofia? São Paulo, Editora 34, 2001.
NIETZSCHE, Friedrich. Oeuvres Complètes, Ed. Robert Laffont, Paris, 1993.
NICOLESCU, Basarab. Manifesto da transdisciplinaridade, São Paulo, Triom, 1999.
LYNCH, Brian. Knowing your emotions, Interest book, Chicago, 2010

Café Filosófico com Mar Thieriot e membros do CETRANS

Aconteceu quinta-feira, dia 22 de junho p.p.. às 17 horas, no salão  “Viena”  do Conjunto Nacional  em São Paulo/SP – Brasil, um agradável, amoroso e significativo “Café Filosófico”, para Mar Thieriot lançar, no Brasil, seu livro “O Risco de Filosofar – Diário de uma Descolecionadora”..

 

Participaram do evento, além da autora, as convidadas: Dalva Alves, Margarete May, Maria F. de Mello, Pá Falcão, Rosália Gomes, Silvia Fichmann, Vera Lucia Laporta e Vitoria M. de Barros, todas membros do Centro de Educação Transdisciplinar – CETRANS.

 

O livro está disponível para compra na loja Kindle – Amazon no link: https://goo.gl/9J2V3F 

 

Abaixo algumas fotos do Café Filosófico:

 

 

 

 

Carta da Transdisciplinaridade

Convento de Arrábida, novembro de 1994

PREÂMBULO

Considerando que a proliferação atual das disciplinas acadêmicas e não-acadêmicas conduz a um crescimento exponencial do saber, o que torna impossível uma visão global do ser humano; Considerando que somente uma inteligência que leve em consideração a dimensão planetária dos conflitos atuais poderá enfrentar a complexidade do nosso mundo e o desafio contemporâneo de autodestruição material e espiritual da nossa espécie;

Considerando que a vida está fortemente ameaçada por uma tecnociência triunfante, que só obedece à lógica apavorante da eficácia pela eficácia;

Considerando que a ruptura contemporânea entre um saber cada vez mais cumulativo e um ser interior cada vez mais empobrecido leva à ascensão de um novo obscurantismo, cujas conseqüências, no plano individual e social, são incalculáveis;

Considerando que o crescimento dos saberes, sem precedente na história, aumenta a desigualdade entre os que os possuem e os que deles estão desprovidos, gerando assim uma desigualdade crescente no seio dos povos e entre as nações do nosso planeta;

Considerando, ao mesmo tempo, que todos os desafios enunciados têm sua contrapartida de esperança e que o crescimento extraordinário dos saberes pode conduzir, a longo prazo, a uma mutação comparável à passagem dos hominídeos à espécie humana;

Considerando os aspectos acima, os participantes do Primeiro Congresso Mundial de Transdisciplinaridade (Convento da Arrábida, Portugal, 2 a 7 de novembro de 1994) adotam a presente Carta, entendida como um conjunto de princípios fundamentais da comunidade dos espíritos transdisciplinares, constituindo um contrato moral que todo signatário dessa Carta faz consigo mesmo, livre de qualquer espécie de pressão jurídica ou institucional. 2

Artigo 1

Toda e qualquer tentativa de reduzir o ser humano a uma definição e de dissolvê-lo no meio de estruturas formais, sejam quais forem, é incompatível com a visão transdisciplinar.

Artigo 2

O reconhecimento da existência de diferentes níveis de realidade, regidos por lógicas diferentes, é inerente à atitude transdisciplinar. Toda tentativa de reduzir a realidade a um só nível, regido por uma lógica única, não se situa no campo da transdisciplinaridade.

Artigo 3

A transdisciplinaridade é complementar à abordagem disciplinar; ela faz emergir novos dados a partir da confrontação das disciplinas que os articulam entre si; oferece-nos uma nova visão da natureza da realidade. A transdisciplinaridade não procura a mestria de várias disciplinas, mas a abertura de todas as disciplinas ao que as une e as ultrapassa.

Artigo 4

A pedra angular da transdisciplinaridade reside na unificação semântica e operativa das acepções através e além das disciplinas. Ela pressupõe uma racionalidade aberta a um novo olhar sobre a relatividade das noções de “definição” e de “objetividade”. O formalismo excessivo, a rigidez das definições e a absolutização da objetividade, incluindo-se a exclusão do sujeito, conduzem ao empobrecimento.

Artigo 5

A visão transdisciplinar é completamente aberta, pois, ela ultrapassa o domínio das ciências exatas pelo seu diálogo e sua reconciliação não somente com as ciências humanas, mas também com a arte, a literatura, a poesia e a experiência interior.

Artigo 6

Em relação à interdisciplinaridade e à multidisciplinaridade, a transdisciplinaridade é multirreferencial e multidimensional. Leva em consideração, simultaneamente, as concepções do tempo e da história. A transdisciplinaridade não exclui a existência de um horizonte transistórico. 3

Artigo 7

A transdisciplinaridade não constitui nem uma nova religião, nem uma nova filosofia, nem uma nova metafísica, nem uma ciência da ciência.

Artigo 8

A dignidade do ser humano também é de ordem cósmica e planetária. O aparecimento do ser humano na Terra é uma das etapas da história do universo. O reconhecimento da Terra como pátria é um dos imperativos da transdisciplinaridade. Todo ser humano tem direito a uma nacionalidade; mas com o título de habitante da Terra, ele é ao mesmo tempo um ser transnacional. O reconhecimento, pelo direito internacional, dessa dupla condição – pertencer a uma nação e à Terra – constitui um dos objetivos da pesquisa transdisplinar.

Artigo 9

A transdisciplinaridade conduz a uma atitude aberta em relação aos mitos, às religiões e temas afins, num espírito transdisciplinar.

Artigo 10

Inexiste laço cultural privilegiado a partir do qual se possam julgar as outras culturas. O enfoque transdisciplinar é, ele próprio, transcultural.

Artigo 11

Uma educação autêntica não pode privilegiar a abstração no conhecimento. Ela deve ensinar a contextualizar, concretizar e globalizar. A educação transdisciplinar reavalia o papel da intuição, do imaginário, da sensibilidade e do corpo na transmissão do conhecimento.

Artigo 12

A elaboração de uma economia transdisciplinar é fundamentada no postulado segundo o qual a economia deve estar a serviço do ser humano e não o inverso.

Artigo 13

A ética transdisciplinar recusa toda e qualquer atitude que rejeite o diálogo e a discussão, qualquer que seja a sua origem – de ordem ideológica, científica, religiosa, econômica, 4

política, filosófica. O saber compartilhado deve levar a uma compreensão compartilhada, fundamentada no respeito absoluto às alteridades unidas pela vida comum numa só e mesma Terra.

Artigo 14

Rigor, abertura e tolerância são as características fundamentais da visão transdisciplinar. O rigor da argumentação que leva em conta todos os dados é o agente protetor contra todos os possíveis desvios. A abertura pressupõe a aceitação do desconhecido, do inesperado e do imprevisível. A tolerância é o reconhecimento do direito a idéias e verdades diferentes das nossas.

ARTIGO FINAL

A presente Carta da Transdisciplinaridade está sendo adotada pelos participantes do Primeiro Congresso Mundial de Transdisciplinaridade, não se reclamando a nenhuma outra autoridade a não ser a da sua obra e da sua atividade. Segundo os procedimentos que serão definidos em acordo com os espíritos transdisciplinares de todos os países, a Carta está aberta à assinatura de todo ser humano interessado em medidas progressivas de ordem nacional, internacional e transnacional, para aplicação dos seus artigos nas suas vidas.

Portugal, Convento da Arrábida, 6 de novembro de 1994

Comitê de Redação

Lima de Freitas, Edgar Morin, Basarab Nicolescu.

Charte de la Transdisciplinarité

Adoptée au Premier Congrès Mondial de la Trandisciplinarité, Convento da Arrábida, Portugal, 2-6 novembre 1994.

Préambule

Considérant que la prolifération actuelle des disciplines académiques et non-académiques conduit à une croissance exponentielle du savoir ce qui rend impossible tout regard global de l’être humain ,

Considérant que seule une intelligence qui rend compte de la dimension planétaire des conflits actuels pourra faire face à la complexité de notre monde et au défi contemporain d’autodestruction matérielle et spirituelle de notre espèce,

Considérant que la vie est lourdement menacée par une technoscience triomphante, n’obéissant qu’à la logique effrayante de l’efficacité pour l’efficacité,

Considérant que la rupture contemporaine entre un savoir de plus en plus accumulatif et un être intérieur de plus en plus appauvri mène à une montée d’un nouvel obscurantisme, dont les conséquences sur le plan individuel et social sont incalculables,

Considérant que la croissance des savoirs, sans précédent dans l’histoire, accroît l’inégalité entre ceux qui les possèdent et ceux qui en sont dépourvus, engendrant ainsi des inégalités croissantes au sein des peuples et entre les nations sur notre planète,

Considérant en même temps que tous les défis énoncés ont leur contrepartie d’espérance et que la croissance extraordinaire des savoirs peut conduire, à long terme, à une mutation comparable au passage des hominiens à l’espèce humaine,

Considérant ce qui précède, les participants au Premier Congrès Mondial de Transdisciplinarité (Convento da Arrábida, Portugal, 2-7 novembre 1994) adoptent la présente Charte comprise comme un ensemble de principes fondamentaux de la communauté des esprits transdisciplinaires, constituant un contrat moral que tout signataire de cette Charte fait avec soi- même, en dehors de toute contrainte juridique et institutionnelle

Article 1 :

Toute tentative de réduire l’être humain à une définition et de le dissoudre dans des structures formelles, quelles qu’elles soient, est incompatible avec la vision transdisciplinaire.

Article 2 :

La reconnaissance de l’existence de différents niveaux de réalité, régis par des logiques différentes, est inhérente à l’attitude transdisciplinaire. Toute tentative de réduire la réalité à un seul niveau régi par une seule logique ne se situe pas dans le champ de la transdisciplinarité.

Article 3 :

La transdisciplinarité est complémentaire de l’approche disciplinaire ; elle fait émerger de la confrontation des disciplines de nouvelles données qui les articulent entre elles ; et elle nous offre une nouvelle vision de la nature et de la réalité. La transdisciplinarité ne recherche pas la maîtrise de plusieurs disciplines, mais l’ouverture de toutes les disciplines à ce qui les traverse et les dépasse.

Article 4 :

La clef de voûte de la transdisciplinarité réside dans l’unification sémantique et opérative des acceptions à travers et au delà des disciplines. Elle présuppose une rationalité ouverte, par un nouveau regard sur la relativité des notions de “définition” et d'”objectivité”. Le formalisme excessif, la rigidité des définitions et l’absolutisation de l’objectivité comportant l’exclusion du sujet conduisent à l’appauvrissement.

Article 5 :

La vision transdisciplinaire est résolument ouverte dans la mesure où elle dépasse le domaine des sciences exactes par leur dialogue et leur réconciliation non seulement avec les sciences humaines mais aussi avec l’art, la littérature, la poésie et l’expérience intérieure.

Article 6 :

Par rapport à l’interdisciplinarité et à la multidisciplinarité, la transdisciplinarité est multiréférentielle et multidimensionnelle. Tout en tenant compte des conceptions du temps et de l’histoire, la transdisciplinarité n’exclut pas l’existence d’un horizon transhistorique.

Article 7 :

La transdisciplinarité ne constitue ni une nouvelle religion, ni une nouvelle philosophie, ni une nouvelle métaphysique, ni une science des sciences.

Article 8 :

La dignité de l’être humain est aussi d’ordre cosmique et planétaire. L’apparition de l’être humain sur la Terre est une des étapes de l’histoire de l’Univers. La reconnaissance de la Terre comme patrie est un des impératifs de la transdisciplinarité. Tout être humain a droit à une nationalité, mais, au titre d’habitant de la Terre, il est en même temps un être transnational. La reconnaissance par le droit international de la double appartenance – à une nation et à la Terre – constitue un des buts de la recherche transdisciplinaire.

Article 9 :

La transdisciplinarité conduit à une attitude ouverte à l’égard des mythes et des religions et de ceux qui les respectent dans un esprit transdisciplinaire.

Article 10 :

Il n’y a pas un lieu culturel privilégié d’ou l’on puisse juger les autres cultures. La démarche transdisciplinaire est elle-même transculturelle.

Article 11 :

Une éducation authentique ne peut privilégier l’abstraction dans la connaissance. Elle doit enseigner à contextualiser, concrétiser et globaliser. L’éducation transdisciplinaire réévalue le rôle de l’intuition, de l’imaginaire, de la sensibilité et du corps dans la transmission des connaissances.

Article 12 :

L’élaboration d’une économie transdisciplinaire est fondée sur le postulat que l’économie doit être au service de l’être humain et non l’inverse.

Article 13 :

L’éthique transdisciplinaire récuse toute attitude qui refuse le dialogue et la discussion, quelle que soit son origine – d’ordre idéologique, scientiste, religieux, économique, politique, philosophique. Le savoir partagé devrait mener à une compréhension partagée fondée sur le respect absolu des altérités unies par la vie commune sur une seule et même Terre.

Article 14 :

Rigueur , ouverture et tolérance sont les caractéristiques fondamentales de l’attitude et de la vision transdisciplinaires. La rigueur dans l’argumentation qui prend en compte toutes les données est le garde-fou à l’égard des dérives possibles. L’ouverture comporte l’acceptation de l’inconnu, de l’inattendu et de l’imprévisible. La tolérance est la reconnaissance du droit aux idées et vérités contraires aux nôtres.

Article final :

La présente Charte de la Transdisciplinarité est adoptée par les participants au Premier Congrès Mondial de Transdisciplinarité, ne se réclamant d’aucune autre autorité que celle de leur oeuvre et de leur activité.

Selon les procédures qui seront définies en accord avec les esprits transdisciplinaires de tous les pays, la Charte est ouverte à la signature de tout être humain intéressé par les mesures progressives d’ordre national, international et transnational pour l’application de ses articles dans la vie.

Convento da Arrábida, le 6 novembre 1994

Comité de Rédaction
Lima de Freitas, Edgar Morin et Basarab Nicolescu

Carta de la Transdisciplinariedad

Arrábida, Portugal noviembre de 1994

Preámbulo

Considerando que:
— La proliferación actual de las disciplinas académicas y no-académicas conducen a un crecimiento exponencial del saber que hace imposible toda mirada global del ser humano.
— Sólo una inteligencia que dé cuenta de la dimensión planetaria de los conflictos actuales podrá hacer frente a la complejidad de nuestro mundo y al desafío contemporáneo de la autodestrucción material y espiritual de nuestra especie.
— La vida está seriamente amenazada por una tecnociencia triunfante, que sólo obedece a la lógica horrorosa de la eficacia por la eficacia.
— La ruptura contemporánea entre un saber cada vez más acumulativo y un ser interior cada vez más empobrecido conduce a un ascenso de un nuevo oscurantismo, cuyas consecuencias en el plano individual y social son incalculables.
— El crecimiento de los saberes, sin precedente en la historia, aumenta la desigualdad entre aquellos que los poseen y los que carecen de ellos, engendrando así desigualdades crecientes en el seno de los pueblos y entre las naciones de nuestro planeta.
— Al mismo tiempo que todos los desafíos enunciados tienen su contraparte de esperanza y que el crecimiento extraordinario de los saberes puede conducir, a largo plazo, a una mutación comparable al pasaje de los homínidos a la especie humana.
Considerando lo que precede, los participantes del Primer Congreso Mundial de Transdisciplinariedad (Convento de Arrábida, Portugal, 2 a 7 de noviembre de 1994) adoptan la presente Carta como un conjunto de principios fundamentales de la comunidad de espíritus transdisciplinarios, constituyendo un contrato moral que todo signatario de esta Carta hace consigo mismo, fuera de toda coacción jurídica e institucional.

Artículo 1. Toda tentativa de reducir al ser humano a una definición y de disolverlo en estructuras formales, cualesquiera que sean, es incompatible con la visión transdisciplinaria.

Artículo 2. El reconocimiento de la existencia de diferentes niveles de realidad, regidos por diferentes lógicas, es inherente a la actitud transdisciplinaria. Toda tentativa de reducir la realidad a un solo nivel, regido por una única lógica, no se sitúa en el campo de la transdisciplinariedad.

Artículo 3. La transdisciplinariedad es complementaria al enfoque disciplinario; hace emerger de la confrontación de las disciplinas nuevos datos que las articulan entre sí, y nos ofrece una nueva visión de la naturaleza y de la realidad. La transdisciplinariedad no busca el dominio de muchas disciplinas, sino la apertura de todas las disciplinas a aquellos que las atraviesan y las trascienden.

Artículo 4. La clave de la bóveda de la transdisciplinariedad reside en la unificación semántica y operativa de las acepciones a través y más allá de las disciplinas. Ello presupone una racionalidad abierta, a través de una nueva mirada sobre la relatividad de las nociones de «definición» y «objetividad». El formalismo excesivo, la absolutización de la objetividad, que comporta la exclusión del sujeto, conducen al empobrecimiento.

Artículo 5. La visión transdisciplinaria es decididamente abierta en la medida que ella trasciende el dominio de las ciencias exactas por su diálogo y su reconciliación, no solamente
con las ciencias humanas sino también con el arte, la literatura, la poesía y la experiencia interior.

Artículo 6. En relación a la interdisciplinariedad y a la multidisciplinariedad, la transdisciplinariedad es multirreferencial y multidimensional. Tomando en cuenta las concepciones de tiempo y de historia, la transdisciplinariedad no excluye la existencia de un horizonte transhistórico.

Artículo 7. La transdisciplinariedad no constituye una nueva religión, ni una nueva filosofía, ni una nueva metafísica, ni una ciencia de las ciencias.

Artículo 8.La dignidad del ser humano es también de orden cósmico y planetario. La operación del ser humano sobre la Tierra es una de las etapas de la historia del universo. El reconocimiento de la Tierra como patria es uno de los imperativos de la transdisciplinariedad. Todo ser humano tiene derecho a una nacionalidad, pero, a título de habitante de la Tierra, él es al mismo tiempo un ser transnacional. El reconocimiento por el derecho internacional de la doble pertenencia –a una nación y a la Tierra– constituye uno de los objetivos de la investigación transdisciplinaria.

Artículo 9. La transdisciplinariedad conduce a una actitud abierta hacia los mitos y las religiones y hacia quienes los respetan en un espíritu transdisciplinario.

Artículo 10. No hay un lugar cultural privilegiado desde donde se pueda juzgar a las otras culturas. El enfoque transdisciplinario es en sí mismo transcultural.

Artículo 11. Una educación auténtica no puede privilegiar la abstracción en el conocimiento. Debe enseñar a contextualizar, concretar y globalizar. La educación transdisciplinaria reevalúa el rol de la intuición, del imaginario, de la sensibilidad y del cuerpo en la transmisión de los conocimientos.

Artículo 12. La elaboración de una economía transdisciplinaria está fundada sobre el postulado de que la economía debe estar al servicio del ser humano y no a la inversa.

Artículo 13. La ética transdisciplinaria rechaza toda actitud que niegue el diálogo y la discusión, cualquiera sea su origen, ideológico, cientista, religioso, económico, político, filosófico. El saber compartido debería conducir a una comprensión compartida, fundada sobre el respeto absoluto de las alteridades unidas por la vida común sobre una sola y misma Tierra.

Artículo 14. Rigor, apertura y tolerancia son las características fundamentales de la actitud y visión transdisciplinaria. El rigor en la argumentación, que toma en cuenta todas las cuestiones, es la mejor protección respecto de las desviaciones posibles. La apertura incluye la aceptación de lo desconocido, de lo inesperado y de lo imprevisible. La tolerancia es el reconocimiento del derecho a las ideas y verdades contrarias a las nuestras.

Artículo final. La presente Carta de la Transdisciplinariedad es adoptada por los participantes del Primer Congreso de la Transdisciplinariedad, no valiéndose de ninguna otra autoridad que aquella de su obra y de su actividad.

De acuerdo a los procedimientos, que serán definidos de acuerdo con los espíritus transdisciplinarios de todos los países, la Carta está abierta a la firma de todo ser humano interesado por las medidas progresivas del orden nacional, internacional y transnacional para la aplicación de sus artículos en la vida.
Convento de Arrábida, 6 de noviembre de 1994

José ANES • André ASTIER • Jeanne BASTIEN • René BERGER • François BIANCHI • Gérard BLUMEN • Lais P. BRANDINI • Jorge BRITO • Jacqueline CAHEN-MOREL • Michel CAMUS • Antonio CASTEL BRANCO • Costin CAZABAN • Laura CERRATO • Oliver COSTA DE BEAUREGARD • Maurice COUQUIAUD • Ubiratan d’AMBROSIO • Manuel DA COSTA LOBO • Adriana DALCIN • Nicola DALLAPORTA • Robert DE BEAUGRANDE • Marc Williams DEBONO • Isabel María DE CARVALHOVIEIRA • Giuseppe DEL RE • Javier DE MESONE • Michele DUCLOS • Gilbert DURAND • Ruth ESCOBAR • María FERNÁNDEZ • Raquel GONÇALVEZ • Georges GUELFAND • Helle HARTVIG DE FREITAS • José HARTVIG DE FREITAS • Eiji HATTORI • Phil HAWES • André JACOB • Roberto JUARROZ • Anthony JUDGE • Jacqueline KELEN • Jacques LAFAIT • Ghislaine LAFAIT-HÉMARD • LIMA DE FREITAS • Salomon MARCUS • Michel MATHIN • Edgar MORIN • Raúl NICOLAU • Domingo MOTTA • Edmond NOCOLAU • Basarab NICOLESCU • Alain ORIOL • Patrick PAUL • Odette PÉTREQUIN • Jean-Marc PHILIPPE • Patricia PROUS-LAABEYRIE • Philippe QUÉAU • Daniel RABY • Michel RANDOM • Lucía SANTAELLA-BRAGA • Elisabeth SAPORITI • Luigi SECCO • Jules SIX • Luis SOUSA RIBEIRO • Dominique TEMPLE • Ana María VIEIRA.

Charter of Transdisciplinarity

(adopted at the First World Congress of Trandisciplinarity, Convento da Arrábida, Portugal,
November 2-6, 1994)

Preamble

Whereas, the present proliferation of academic and non-academic disciplines is leading to an exponential increase of knowledge which makes a global view of the human being impossible;

Whereas, only a form of intelligence capable of grasping the cosmic dimension of the present conflicts is able to confront the complexity of our world and the present challenge of the spiritual and material self-destruction of the human species;

Whereas, life on earth is seriously threatened by the triumph of a techno-science that obeys only the terrible logic of productivity for productivity’s sake;

Whereas, the present rupture between increasingly quantitative knowledge and increasingly impoverished inner identity is leading to the rise of a new brand of obscurantism with incalculable social and personal consequences;

Whereas, an historically unprecedented growth of knowledge is increasing the inequality between those who have and those who do not, thus engendering increasing inequality within and between the different nations of our planet;

Whereas, at the same time, hope is the counterpart of all the afore-mentioned challenges, a hope that this extraordinary development of knowledge could eventually lead to an evolution not unlike the development of primates into human beings;

Therefore, in consideration of all the above, the participants of the First World Congress of Transdisciplinarity (Convento da Arrábida, Portugal, November 2-7, 1994) have adopted the present Charter, which comprises the fundamental principles of the community of transdisciplinary researchers, and constitutes a personal moral commitment, without any legal or institutional constraint, on the part of everyone who signs this Charter.

Article 1 :

Any attempt to reduce the human being by formally defining what a human being is and subjecting the human being to reductive analyses within a framework of formal structures, no matter what they are, is incompatible with the transdisciplinary vision.

Article 2 :

The recognition of the existence of different levels of reality governed by different types of logic is inherent in the transdisciplinary attitude. Any attempt to reduce reality to a single level governed by a single form of logic does not lie within the scope of transdisciplinarity.

Article 3 :

Transdisciplinarity complements disciplinary approaches. It occasions the emergence of new data and new interactions from out of the encounter between disciplines. It offers us a new vision of nature and reality. Transdisciplinarity does not strive for mastery of several disciplines but aims to open all disciplines to that which they share and to that which lies beyond them.

Article 4 :

The keystone of transdisciplinarity is the semantic and practical unification of the meanings that traverse and lay beyond different disciplines. It presupposes an open-minded rationality by re-examining the concepts of “definition” and “objectivity.” An excess of formalism, rigidity of definitions and a claim to total objectivity, entailing the exclusion of the subject, can only have a life-negating effect.

Article 5 :

The transdisciplinary vision is resolutely open insofar as it goes beyond the field of the exact sciences and demands their dialogue and their reconciliation with the humanities and the social sciences, as well as with art, literature, poetry and spiritual experience.

Article 6 :

In comparison with interdisciplinarity and multidisciplinarity, transdisciplinarity is multireferential and multidimensional. While taking account of the various approaches to time and history, transdisciplinarity does not exclude a transhistorical horizon.

Article 7 :

Transdisciplinarity constitutes neither a new religion, nor a new philosophy, nor a new metaphysics, nor a science of sciences.

Article 8 :

The dignity of the human being is of both planetary and cosmic dimensions. The appearance of human beings on Earth is one of the stages in the history of the Universe. The recognition of the Earth as our home is one of the imperatives of transdisciplinarity. Every human being is entitled to a nationality, but as an inhabitant of the Earth is also a transnational being. The acknowledgement by international law of this twofold belonging, to a nation and to the Earth, is one of the goals of transdisciplinary research.

Article 9 :

Transdisciplinarity leads to an open attitude towards myths and religions, and also towards those who respect them in a transdisciplinary spirit.

Article 10 :

No single culture is privileged over any other culture. The transdisciplinary approach is inherently transcultural.

Article 11 :

Authentic education cannot value abstraction over other forms of knowledge. It must teach contextual, concrete and global approaches. Transdisciplinary education revalues the role of intuition, imagination, sensibility and the body in the transmission of knowledge.

Article 12 :

The development of a transdisciplinary economy is based on the postulate that the economy must serve the human being and not the reverse.

Article 13 :

The transdisciplinary ethic rejects any attitude that refuses dialogue and discussion, regardless of whether the origin of this attitude is ideological, scientistic, religious, economic, political or philosophical. Shared knowledge should lead to a shared understanding based on an absolute respect for the collective and individual Otherness united by our common life on one and the same Earth.

Article 14 :

Rigor, openness, and tolerance are the fundamental characteristics of the transdisciplinary attitude and vision. Rigor in argument, taking into account all existing data, is the best defense against possible distortions. Openness involves an acceptance of the unknown, the unexpected and the unforeseeable. Tolerance implies acknowledging the right to ideas and truths opposed to our own.

Article final :

The present Charter of Transdisciplinarity was adopted by the participants of the first World Congress of Transdisciplinarity, with no claim to any authority other than that of their own work and activity.

In accordance with procedures to be agreed upon by transdisciplinary-minded persons of all countries, this Charter is open to the signature of anyone who is interested in promoting progressive national, international and transnational measures to ensure the application of these Articles in everyday life.

Convento da Arrábida, 6th November 1994

Editorial Committee
Lima de Freitas, Edgar Morin and Basarab Nicolescu
Translated from the French by
Karen-Claire Voss